Diálogos


A TEMÁTICA

 

- Eu acho que seria a hora de elencarmos agora os principais temas que ocuparam sua atividade de professor de Filosofa e de Filosofia do Direito, para tentar, em seguida, de forma mais ou menos ordenada; elaborar uma síntese de cada um deles. Quais, a seu ver, seriam esses temas?

- Bem, temos a Filosofia na Cultura Nacional, a Teoria do valor, a projeção da Teoria do Valor no mundo jurídico, que dá as linhas gerais de uma Axiologia Jurídica e, como resultante, a Teoria da Justiça. Na Faculdade de Filosofia, temos também a Tipologia das Concepções do Mundo, de Dilthey, na verdade uma tentativa de superação daquela estreiteza e rigidez da tipologia dele. Tenho ainda uma análise, digamos, da pré-história do positivismo, que é a análise do positivismo na China. Confesso que tem tanta coisa que fui largando, que nem me lembro.

- Quanto tempo de seu magistério o senhor dedicou a esses temas?

- Tenho muita coisa sobre o conceito de Filosofia. Tenho um semestre todo sobre o objeto da Filosofia. Aliás, o exame do objeto da Filosofia é a melhor forma que a gente tem de estudar Filosofia. Tenho também a tese da Filosofia como responsabilidade: filosofar é comprometer-se. Um semestre sobre Tipologia de concepção de mundo e outro sobre o Positivismo na Filosofia chinesa, grega, medieval, na Filosofia inglesa e na poesia.

- Esqueceu-se, por acaso, de suas análises sobre o Valor?

                        - A teoria do Valor foi matéria de análise durante um ano. Da projeção da teoria do Valor no campo jurídico estou me ocupando, sistematicamente, desde 1957. Ensaiei também, a pedido de professores, uma projeção da idéia do valor no terreno da Pedagogia, da Filosofia da Educação: a análise dos valores educacionais, como fins. Expus, na cadeira de Filosofia da Economia, em São Leopoldo, num curso noturno, uma teoria dos valores econômicos, único grupo de valores dentro da tábua axiológica dos chamados valores secundários, construídos pelos homens. Nesse curso, inverti a posição do Marx. Fiz a análise da teoria da plus-valia, para mostrar seu núcleo e sua substância ética. Analisei a obra de Berdiaeff sobre Marx (uma obra formidável, com o titulo de "Marx') e uma frase do próprio Marx, que justifica toda a minha crítica à teoria dele. De forma incoerente, ele disse mais ou menos isso: "Não se pode negar que o ele­mento substancial da plus-valia tem origem ética." É um pecado de Marx, em relação às posições dele mesmo.